Dengue, chikungunya e zika, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, podem apresentar riscos para mulheres grávidas e os bebês. Segundo especialistas, a febre alta nas primeiras 12 semanas de gravidez podem provocar perda gestacional e no caso da zika pode comprometer o sistema neurológico fetal.
Em conversa com o médico obstetra Jailson Costa, especialista em medicina fetal. Ele explicou que as arboviroses, infecções causadas por essa família de vírus, têm sintomatologias parecidas, mas os efeitos sobre gestantes e bebês podem ser diferentes.
A pessoa acometida por essas doenças pode apresentar febre elevada, dor no corpo, dor muscular e nas articulações, podendo ou não ter sintomas gastrointestinais, como diarreias e vômitos. Mas a principal característica em comum é o quadro febril.
“Entretanto, alguns sintomas podem ajudar a diferenciá-las. A dengue pode se apresentar em formas hemorrágicas. Já a chikungunya provoca comprometimento articular. Entre as três, a zika é a que menos apresenta sintomas maternos”, explicou.
Em relação ao feto, o médico conta que a febre alta causada pela dengue e chikungunya, quando acontecem no primeiro trimestre da gravidez, ou seja, até a 12ª semana, tem potencial maior de induzir perda gestacional ou abortamento.
“Qualquer infecção materna que leve a febre alta e processo inflamatório, nesse período, tem esse potencial, principalmente quando relacionada a quadros virais no geral. Dengue e chikungunya são as principais causas, entre essas três”, explicou.
Mas Jailson acrescenta que, para o feto em estágio mais avançado, no segundo e terceiro trimestres, essas infecções têm menor implicação de comprometimento e não estão relacionadas a sequelas ou alterações importantes.
Já o zika, segundo Jailson Costa, é a infecção transmitida pelo Aedes aegypti com maior potencial de levar a malformações fetais.
“O zika vírus tem um ‘tropismo pelo sistema neurológico’, comprometendo o sistema neurológico fetal e levando a alterações neuronais importantes, além de redução da massa encefálica e da circunferência da cabeça, chamada de ‘microcefalia’, secundária ao zika vírus. Então, o comprometimento é importante nesse”, alertou.
Casos no Piauí
O último boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesapi), mostrou que a 21ª semana epidemiológica o estado registrou aumento de 765,8% nos casos de dengue e 5.417,7% nos casos de chikungunya.
No total, foram registrados 6.915 casos de dengue no estado, com 10 óbitos confirmados e 10 em investigação.
Prevenção
A principal forma de prevenção contra essas doenças é evitar a procriação do seu agente transmissor, o mosquito Aedes aegypti, não deixando acumular água parada.
Mas, além disso, a população pode se proteger de forma ‘mecânica’, vestindo roupas que cubram mais o corpo. Ainda é recomendado o uso de repelentes, sem contraindicação para as gestantes.
“Os repelentes que estão no mercado são seguros para as grávidas, mudando apenas o tempo de duração do seu efeito e a necessidade de reaplicação. Há repelentes com duração de duas a quatro horas, e outros com efeito de 12 horas. Entretanto, devido à maior sensibilidade dermatológica das gestantes, a indicação é que elas evitem passar o produto diretamente na pele”, orientou Jailson Costa.
O médico sugeriu que, após vestir roupas que protejam mais o corpo, as grávidas apliquem o repelente por cima, evitando as áreas de mucosa, como olhos, boca e nariz.
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