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Morre o papa Francisco, Jorge Mario Bergoglio, aos 88 anos em Roma

O Vaticano não informou as causas da morte, mas o pontífice sofria complicações de um quadro respiratório após ter ficado 38 dias internado. Francisco foi o primeiro papa latino-americano e deixa legado de tolerância e diálogo.

Redação
Por: Redação
21/04/2025 às 04h25
Morre o papa Francisco, Jorge Mario Bergoglio, aos 88 anos em Roma
Papa Francisco acena para fiéis na Praça São Pedro durante celebração da Páscoa, neste domingo (21). — Foto: Reuters

O Papa Francisco, nome de nascimento Jorge Mario Bergoglio, faleceu nesta segunda-feira (21), às 2h35 (horário de Brasília), 7h35 (horário local), aos 88 anos. A morte foi confirmada pelo Vaticano, que, até o momento, não divulgou detalhes sobre as causas do falecimento. O pontífice, que esteve à frente da Igreja Católica por 12 anos, se recuperava de uma pneumonia bilateral após uma internação de 38 dias.

Em comunicado oficial, o Vaticano afirmou: "O Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino."

Ritos fúnebres e último adeus

As cerimônias fúnebres do Papa Francisco já têm início previsto para as próximas horas desta segunda-feira, seguindo os ritos tradicionais. Todos os horários serão considerados no horário de Brasília:

  • 14h: Missa de sufrágio, que ocorrerá na Basílica de São João de Latrão, em Roma, presidida pelo cardeal Baldo Reina.

  • 15h: Ritos de constatação da morte e deposição do corpo no caixão, na capela privada do Papa, na Capela de Santa Marta, presidida pelo camerlengo Farrell.

Na manhã de quarta-feira (23), o corpo do Papa Francisco será levado à Basílica de São Pedro para que fiéis possam prestar a última homenagem.

O Papa será enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, e não na Basílica de São Pedro, como de costume. A última vez que isso ocorreu foi em 1903, com o enterro de Papa Leão XIII.

O sino da Basílica de São Pedro tocou para anunciar a morte do Papa nesta manhã, diante de turistas e peregrinos que expressaram surpresa e tristeza, especialmente no feriado de Páscoa, conforme relatado pela agência Reuters.

A trajetória do Papa Francisco

Nascido em Buenos Aires, Argentina, no dia 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro papa latino-americano da história. Também foi o primeiro pontífice moderno a assumir o cargo após a renúncia de seu antecessor, Bento XVI, além de ser o primeiro jesuíta a ocupar o papado.

Ele foi escolhido como o 266º Papa em 13 de março de 2013, durante o segundo dia do conclave, contra sua própria vontade, conforme revelou posteriormente. Francisco esteve à frente da Igreja Católica por quase 12 anos, liderando a instituição em tempos desafiadores.

Última hospitalização e recuperação

Francisco estava se recuperando de uma pneumonia bilateral, condição que o levou a ser internado por 38 dias. Sua primeira internação ocorreu no início de fevereiro, quando apresentou dificuldades respiratórias e precisou de cuidados médicos. Em 14 de fevereiro, foi hospitalizado para tratar uma bronquite e, mesmo durante o tratamento, continuou participando de atividades religiosas.

O Vaticano informou que, em 17 de fevereiro, o Papa estava com uma infecção polimicrobiana e, no dia seguinte, a pneumonia foi diagnosticada. Ele teve alta no dia 23 de março.

Desafios e reformas durante seu papado

Apesar de sua eleição não ter sido planejada, Francisco, com sua formação em Ciências Químicas e seu trabalho como professor de Literatura, dedicou-se à vida religiosa. Seu estilo informal e cativante lhe garantiu popularidade entre os cardeais, especialmente em um momento em que a Igreja enfrentava uma crise de credibilidade devido aos escândalos de pedofilia.

A modernidade e a necessidade de reformas marcaram o pontificado de Francisco. Ele foi um defensor dos direitos LGBTQIA+ e do feminismo, embora tenha sido criticado por não avançar o suficiente nas questões femininas dentro da Igreja. Embora tenha permitido que mulheres ocupassem posições de destaque no Vaticano e votassem no Sínodo dos Bispos, ele se opôs à ordenação feminina de sacerdotes, baseando-se na tradição da Igreja.

Discursos políticos e combate à pobreza

Além de sua atuação religiosa, Francisco também se destacou por seus discursos políticos, onde não hesitou em criticar líderes como o presidente russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Ele também se posicionou fortemente sobre a crise dos refugiados, chamando a atenção da União Europeia para o tratamento dos imigrantes.

A sua prioridade sempre foi o combate à pobreza. O Papa escolheu o nome Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, o padroeiro dos pobres, e seu lema "Miserando atque eligendo" reflete seu compromisso com os mais necessitados.

O Papa Francisco como reformador

Aos 80 anos, com problemas de saúde que afetavam sua mobilidade, Francisco nunca considerou renunciar, mesmo diante das dificuldades. Ele tinha uma missão clara: reformar a Igreja, aproximando-a de uma realidade mais inclusiva e misericordiosa.

Marco Politi, especialista em Vaticano, classifica Francisco como "um grande reformador", afirmando que ele procurou abandonar a obsessão da Igreja com questões sexuais e abriu portas para discussões mais amplas, como os direitos dos transgêneros e a aceitação dos homossexuais.

Sua luta contra a corrupção no Vaticano, especialmente na reforma financeira da Santa Sé, também é um dos legados de seu papado. Francisco permaneceu firme em sua convicção de que as doutrinas tradicionais da Igreja não deveriam ser alteradas, embora tenha buscado uma Igreja mais acolhedora e menos dogmática.

Com sua morte, a Igreja Católica perde um líder que, embora tenha enfrentado críticas e resistência, sempre procurou orientar a Igreja com o exemplo da misericórdia e da justiça social.

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