O Fórum de Mulheres Piauienses realizou um protesto silencioso na entrada da Universidade Federal do Piauí na manhã desta quarta-feira (8) para relembrar mulheres que foram vítimas de feminicídio no estado. O protesto acontece nesta quarta por ocasião do Dia Internacional da Mulher.
O grupo instalou 18 cruzes no pórtico de entrada da universidade, na Avenida Nossa Senhora de Fátima. As cruzes trazem o nome de Janaína Bezerra, estudante de jornalismo que foi brutalmente assassinada dentro da instituição, e a data 28 de janeiro de 2023, quando o crime aconteceu.
"É um protesto silencioso, para relembrar o caso da Janaína e para falar do feminicídio em geral, e da violência doméstica, um trabalho de reflexão. Existem outras Janaínas por aí", comentou a advogada Tatiana Cardoso, coordenadora do Fórum de Mulheres Piauienses.
Em 2021, 37 mulheres foram vítimas de feminicídio no Piauí. O número é quase metade do total de mortes violentas de mulheres, 78 casos. Em 2022, 23 foram mortas por conta de sua condição de mulher no estado. Em pouco mais de 2 meses em 2023, quatro casos de feminicídio foram computados.
Além de não deixar que o assassinato de Janaína caia no esquecimento, o grupo busca também pedir mais rapidez na apuração de casos de violência contar as mulheres e mais segurança em todos os ambientes, incluindo a própria universidade.
"O caso da Janaína afetou todas as mulheres, e também as estudantes que ainda se encontram nesse espaço. Era uma menina cheia de sonhos, a 1ª da família a entrar na universidade, e foi uma vida que se perdeu. Ela foi o primeiro caso de assassinato, mas não o primeiro de violência, de assédio dentro da UFPI", comentou a socióloga Marcela Castro, membro do Fórum.
Janaína Bezerra
Janaína da Silva Bezerra, 22 anos, foi estuprada e assassinada na madrugada do dia 28 de janeiro, sábado, durante uma festa de calourada ocorrida no espaço do Diretório Central dos Estudantes (DCE), no campus de Teresina, na Universidade Federal do Piauí (UFPI).
O suspeito do crime, Thiago Mayson da Silva Barbosa, 28 anos, segue preso. Ele é estudante do mestrado em matemática da instituição e foi encontrado com a jovem desacordada nos braços na manhã do dia 28 de janeiro por um segurança da instituição, que conduziram a vítima e o suspeito ao Hospital da Primavera.
No hospital, a equipe médica relatou que ela já chegou sem vida. O laudo do IML constatou que ela sofreu estupro e morreu em decorrência de ter tido o pescoço quebrado, o que pode ter acontecido por torção ou tentativa de asfixia.
Thiago Mayson foi preso em flagrante e, durante o depoimento, ele alegou que viu Janaína na calourada e que a convidou para uma sala do mestrado em Matemática. Segundo ele, a jovem aceitou o convite e os dois mantiveram relação sexual consentida. Confira o depoimento dele e de testemunhas clicando aqui.
Pouco tempo depois, o processo que apurava a morte da estudante universitária foi posto em segredo de justiça.
Conclusão do inquérito
Após a conclusão do inquérito policial, Thiago Mayson foi indiciado pelo crime de homicídio duplamente qualificado. O indiciamento também inclui os crimes de estupro, vilipêndio de cadáver (violência após a morte) e fraude processual, já que foi constatado que o suspeito tentou ocultar provas do crime.
As qualificadoras para o crime de homicídio são formas de somar outros crimes na acusação para aumentar a pena. No caso de Thiago Mayson, dois pontos foram considerados agravantes: emprego de meio cruel (já que ela morreu em decorrência de uma asfixia em que teve o pescoço quebrado) e por feminicídio (considerando a condição de mulher da vítima).
A delegada Natália Figueiredo, responsável pela investigação do caso, revelou que Thiago Mayson praticou violência sexual contra a estudante quando a jovem já estava morta. Ele chegou a fazer fotos da vítima durante o estupro, enquanto ela sangrava.
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