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Terminais da Praça da Bandeira e do Fripisa são interditados por trabalhadores do transporte em greve em Teresina

Crise do transporte público da capital já se arrasta desde 2017. Prefeitura cadastrou 100 veículos para suprir demanda durante o movimento trabalhista.

14/03/2023 às 13h58
Por: Illan Herman
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Terminal da Praça da Bandeira é interditado durante greve dos motoristas e cobradores de ônibus em Teresina
Terminal da Praça da Bandeira é interditado durante greve dos motoristas e cobradores de ônibus em Teresina

Os terminais de ônibus da Praça da Bandeira e da Praça do Fripisa, no Centro de Teresina, foram interditados na manhã desta terça-feira (14) durante o segundo dia de greve dos motoristas e cobradores do transporte público da capital.

Um ônibus foi estacionado na transversal para obstruir a Rua Areolino de Abreu, por volta das 10h, no acesso à Praça da Bandeira. Cerca de uma hora depois, o trecho foi liberado. Na Praça do Fripisa, motoristas queimaram pneus e fecharam a rua Arlindo Nogueira, no cruzamento com a rua Coelho Rodrigues.

Praça da Bandeira

A Guarda Civil Municipal e a Polícia Militar do Piauí (PM-PI) foram acionadas e continuam no local. Viaturas foram colocadas logo no acesso ao terminal para desviar os veículos e evitar congestionamentos enquanto a situação é resolvida.

O terminal é um dos mais movimentados de Teresina. Nele, milhares de usuários têm acesso a diversas linhas, que circulam por todas as zonas da capital.

Com a greve, os ônibus do sistema de transporte já não estavam circulando em sua totalidade. Após a interdição de um dos principais trechos do Centro da capital, os ônibus alternativos, cadastrados pela prefeitura para atender a população, também não puderam circular.

De acordo com a capitã Roserlane Maciel, da Mediação de Conflitos da PM-PI, o ato teve participação do sindicato e integrantes da categoria.

"Eles queriam chamar a atenção do poder público devido a algumas empresas estarem há mais de 45 dias sem pagar, conforme informação deles, os funcionários, que estão passando necessidade, se alimentando através de cestas básicas e ajuda dos demais companheiros, então eles fizeram isso para chamar atenção", informou.

A capitã afirmou que já foi negociada a retirada do veículo da via. Ao , o motorista do veículo estacionado, Raimundo Nascimento Filho, contou que dirige em uma linha da zona rural e que estava indo para garagem quando foi parado por colegas que o "convocaram" a integrar o movimento.

"Me disseram para colocar ele atravessado. Eu falei que não podia, mas disseram para botar. Depois eu fui tirar uma foto e tiraram a chave do contato, secaram um pneu também. Agora o gerente vem pra cá trazendo a chave reserva para voltar para a garagem", relatou.

Logo após a chegada da chave reserva a via foi liberada, por volta das 11h. Aos poucos, veículos alternativos cadastrados pela prefeitura e os ligeirinhos começaram a circular na via, coletando passageiros.

Uma das usuárias do transporte público de Teresina, a recepcionista Belina Olival, informou que as formas alternativas de transporte são uma medida paliativa, mas que pesam no orçamento dos usurários.

"Não resolve o problema porque nós trabalhadores pagamos com o passe, que já foi descontado do nosso salário e aí nós pagamos novamente, porque eles recebem em dinheiro", lamentou.

Ela mora no Torquato Neto, na Zona Sul, e trabalha no Centro. "É longe, tenho que sair se casa cinco horas para estar no trabalho às 7h30. Dependo de ônibus todos os dias e não aguento mais essa situação, que já se arrasta há anos. O que o povo de Teresina quer é que resolvam esse problema o quanto antes, porque está insustentável", declarou.

Segundo dia de greve

Acontece nesta terça-feira (14) o segundo dia de greve dos cobradores e motoristas de ônibus em Teresina. Os trabalhadores reivindicam o pagamento de salários atrasados, e que seja assinada uma nova convenção coletiva.

O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut) informou que fez uma oferta de aumento de salário à categoria, que não aceitou a proposta. Veja a nota completa do Setut no final da reportagem.

No início da manhã desta terça-feira (14) a movimentação estava baixa nas paradas de ônibus do centro da capital, os pontos mais movimentados da cidade. Os usuários buscam alternativas, como dividir carros de aplicativos, para evitar o transporte público, caronas ou os "ligeirinhos", transporte alternativo feito em carros de passeio.

Conforme a legislação, durante o movimento trabalhista, até 70% da frota pode ficar parada, havendo a obrigatoriedade de circulação de pelo menos 30%. Em caso de descumprimento, o sindicato dos trabalhadores pode ser punido com multa. A Prefeitura, através da Superintendência de Transporte e Trânsito (Strans), contratou uma frota veículos alternativos, para compensar a falta dos ônibus regulares.

O presidente do Sintetro, Antônio Cardoso, disse que a greve foi um acordo entre os trabalhadores. Segundo ele, alguns motoristas e cobradores não tem recursos para ir até o trabalho, pela falta de pagamentos.

"Não estamos indo em garagem impedir saída de carros, é o trabalhador mesmo que não está indo trabalhar. Alguns deles estão há 44 dias sem receber, desde fevereiro, tem cinco empresas nessa situação. E o nosso salário é o mesmo desde 2019", afirmou Antônio Cardoso.

Os trabalhadores fizeram uma manifestação na segunda-feira (13) em frente à Prefeitura de Teresina e aguardavam uma reunião com o prefeito Dr. Pessoa (Republicanos), que não aconteceu.

A assessora jurídica do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina (Setut), Nayara Morais disse que o problema acontece porque a Prefeitura de Teresina teria deixado de fazer repasses de recursos às empresas que compõe o sistema.

"Os empresários continuam buscando dialogo para manter o serviço. Mas é uma situação muito difícil porque durante todo esse tempo, nunca houve uma solução em que município assumisse obrigações contratuais e desse o equilíbrio econômico como foi definido em contrato para que o sistema consiga funcionar adequadamente", disse Nayara Morais.

Nota da Strans

A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) informa que diante do indicativo de greve dos motoristas e cobradores anunciada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresa de Transportes Rodoviários (Sintetro), prevista para início nesta segunda-feira (13), e assim que recebeu o ofício por parte do sindicato dos trabalhadores, deu início a convocação e ao cadastro de veículos para circularem durante o período de greve no transporte público na Capital.

A Strans informa que já consta no sistema da Gerência de Licença e Concessão, setor responsável pelo cadastro e vistoria dos veículos, para operar durante a greve dos trabalhadores do transporte público, um total de 100 veículos cadastrados (de um total de 254 veículos do banco de dados do órgão) entre ônibus, micro-ônibus e vans que já foram vistoriados e com prévia autorização do órgão para operar nas diversas linhas de ônibus determinadas a cada veículo cadastrado pela Strans, e assim atender aos usuários do transporte público na Capital, a partir desta segunda-feira (13).

Além dos veículos cadastrados para reforço, o sistema dispõe de 20 vans que operam no transporte alternativo e vão continuar atendendo a população neste período de greve dos trabalhadores do transporte público. Importante destacar que durante a greve dos trabalhadores do transporte público, os consórcios que operam o sistema do transporte público precisam disponibilizar a porcentagem mínima de 30% dos veículos da ordem de serviço determinada pela Strans, seguindo o que determina a legislação em caso de greve.

Por fim, destacamos que em caso de dúvidas sobre a documentação para realizar o cadastro dos veículos, o interessado pode entrar em contato com o setor responsável através do WhatsApp (86) 3122-7609.

Nota do Setut

O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) informa que na tarde desta sexta-feira (10), a entidade esteve reunida, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), juntamente com a Procuradoria Regional do Trabalho, Prefeitura de Teresina e os dois sindicatos, patronal e laboral, onde foram amplamente discutidas todas as questões que envolvem uma negociação salarial a respeito do transporte urbano, serviço público essencial para toda a sociedade.

Ao final, o sindicato patronal, sensibilizado, após os apelos do Desembargador Manoel Edilson, Procurador Chefe do Trabalho Dr Edno, bem como dos representantes da prefeitura, ofertou para seus colaboradores, num esforço sobre-humano, um reajuste de 6% nos salários (a inflação está em 5,7%), 20% no auxílio alimentação e 33% no auxílio saúde. Para surpresa de todos e indignação dos representantes do setut, os sindicalistas, representantes sindicato dos motoristas, não aceitaram a proposta e afirmaram, categoricamente, que iriam manter a greve, com indicativo de iniciar na segunda-feira, em desrespeito total à população teresinense.

O Setut reitera seu total compromisso com a população da capital, buscando diálogo permanente tanto com o sindicato laboral, quanto com a Prefeitura,

 

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