Jhon Lennon dos Santos Abreu, suspeito de ser o mandante e participante direto dos assassinatos de quatro agricultores na cidade de Baixa Grande do Ribeiro em abril foi preso nesta quinta-feira (4) no Distrito Federal.
Outros dois homens, suspeitos de terem executado as vítimas, continuam foragidos. Além de Jhon Lennon, a Polícia conseguiu prender Lúcio Batista Fialho, que teria fornecido as armas usadas no crime.
Em depoimento à polícia John Lennon confirmou que não só foi o mandante do crime, mas que também esteve no local, atirando contra as vítimas, e não apenas dirigindo o carro usado pelos executores. Segundo o delegado Carlos Junior, as investigações apontam que 3 pessoas cometeram o crime.
O mandante teria ainda confessado que o crime foi motivado pela suspeita que ele tinha de que as vítimas haviam contratado dois pistoleiros para o matar. Ao acreditar nisso, ele resolveu "se adiantar". Segundo o delegado Carlos Junior, a investigação não encontrou nenhum elemento que aponte que essa negociação realmente ocorreu.
Ainda segundo o depoimento, os dois outros executores do crime não teriam recebido nem combinado pagamento. Seriam dois amigos de John Lennon. Eles continuam sendo procurados.
Segundo o delegado, a versão ainda será investigada. "É o que ele disse. Ele é um indivíduo com extensa ficha criminal, que conhece os processos, e sabe que afirmar isso o ajudaria no processo, derrubaria uma qualificadora".
Três armas foram usadas no crime. Durante o depoimento, Jhon Lennon informou aos policiais onde elas foram escondidas. A polícia faz buscas para localizá-las. Segundo o próprio criminoso, seriam dois revólveres e uma pistola .40.
No dia 23 de abril de 2023, quatro pessoas foram assassinadas a tiros em uma casa na cidade de Baixa Grande do Ribeiro, 586 km ao Sul de Teresina. As vítimas eram um pai e seus dois filhos, e um funcionário da família. O crime teria sido motivado por uma vingança familiar.
O crime aconteceu num domingo, na casa onde as vítimas moravam, na zona urbana de Baixa Grande do Ribeiro. Na noite de sábado (22), as vítimas faziam uma festa com amigos e funcionários na casa.
Depois da festa, o grupo foi dormir. Horas depois foram acordados por homens armados que cobriam o rosto com camisetas. Eles foram rendidos e levados até o terraço da casa, onde quatro deles foram assassinados a tiros. Duas pessoas conseguiram fugir, e acionaram a Polícia.
As quatro vítimas são agricultores naturais do Rio Grande do Sul e um operador de máquinas, funcionário da família, nascido em Balsas, no Maranhão:
Luiz Pedro e os dois filhos foram para o Piauí em 2019. Aqui eles trabalharam com produção e colheita de soja e feijão. Além das vítimas, Luiz Pedro tinha outros dois filhos. Luiz Antônio deixa dois filhos. Gustavo deixa uma filha.
De acordo com o Instituto Médico Legal (IML), os criminosos utilizaram pelo menos uma arma de fogo de alta energia (fuzil ou similar) para cometer a chacina. Cerca de 14 projéteis foram disparados contra as vítimas.
O operador de máquinas Leonilton Sousa da Silva, de 33 anos, natural de Balsas, no Maranhão, foi atingido por oito disparos. As demais vítimas, os agricultores Luiz Pedro Dalcin e os dois filhos dele, Luíz Antônio Dalcin e Gustavo Dalcin, foram atingidos por dois a três disparos cada um.
Duas pessoas conseguiram sobreviver à chacina. Eles pularam o muro da casa depois do início dos tiros. Em seguida, eles acionaram a Polícia Militar, por volta de 7h.
As duas pessoas eram amigos da família Dalcin, ambos naturais do Rio Grande do Sul e que estavam no Piauí a passeio, para visitar os amigos. Eles teriam participado da comemoração na noite anterior, e foram acordados pelos assassinos.
Dois dias depois do crime, na terça-feira (25), a Polícia Civil conseguiu prender um homem suspeito de participar do crime e divulgou os nomes e fotos dos três outros suspeitos. Segundo o delegado Matheus Zannata, o suspeito preso, Lúcio Batista Fialho, teria emprestado as armas que foram usadas pelos autores da chacina.
Nesta quinta-feira, o suspeito de comandar o crime, Jhon Lennon Santos foi preso. Ele também teria participado ativamente do crime ao dirigir o caso usado pelos executores. Ele já era investigado suspeito de tráfico de drogas e por outro caso de homicídio.
O suspeitos de terem executado os crimes, Euton Marcos Santos Lira e Velton Avelino de Sousa, estão foragidos. Eles também têm antecedentes criminais, mas os detalhes não foram divulgados.
Segundo o delegado Zanatta, o massacre foi uma vingança de um dos suspeitos contra a família assassinada. O suspeito apontado como mandante da chacina, identificado como Jhon Lennon dos Santos Abreu, teria encomendado o crime para vingar a morte do sogro, que faleceu na propriedade das vítimas.
Em 2022, o sogro de Jhon Lennon, que era funcionário dos Dalcin, faleceu de causas naturais na fazenda das vítimas da chacina. O suspeito então teria ficado com raiva, por acreditar que a família tinha demorado a comunicar sobre a morte às autoridades competentes.
Então, Jhon Lennon processou a família Dalcin, em busca de uma indenização. Depois, o suspeito e a família começaram a trocar ameaças, que foram se intensificando.
"Na semana passada, o Jhon Lennon achou que os Dalcin tinham contratados dois pistoleiros para matar ele. Ele se antecipou e executou a família", disse o delegado Zanatta.
Ainda segundo a investigação da Polícia Civil, o operador de máquinas Leonilton Sousa da Silva, assim como os outros dois sobreviventes, apenas estavam no local por acaso, e não seriam alvo dos criminosos.
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