Há oito anos, o prefeito Mão Santa, ao lado de sua esposa Adalgisa Moraes Souza, secretária de Desenvolvimento Social e Cidadania, e de sua filha Gracinha Mão Santa, deputada estadual, comanda Parnaíba. No entanto, durante todo esse período, as questões sociais mais urgentes parecem ter sido negligenciadas. Um exemplo claro dessa omissão é o abandono de pessoas em situação de rua, os chamados "Filhos de Ninguém", que continuam invisíveis e sem suporte adequado da administração pública.
Num dia comum, ao meio-dia, na calçada do antigo Cine Delta, em plena Praça da Graça, pode-se testemunhar um retrato cruel da cidade. Pessoas em situação de rua, envolvidas com drogas, sem emprego e sem perspectivas, estendem as mãos, buscando a caridade de transeuntes. Essas cenas são comuns no coração da cidade, um lugar que deveria simbolizar a vida vibrante de Parnaíba, mas que revela o fracasso de uma gestão que pouco fez para combater as causas da marginalização.
Parnaíba, com seus 153.863 habitantes, possui apenas um restaurante popular, construído na gestão do ex-prefeito Zé Hamilton. Desde então, nenhum outro projeto relevante de inclusão social foi implementado. O Centro Pop, nas proximidades da praça, oferece alimentação esporádica, mas não há uma política ampla para o tratamento de dependentes químicos ou para a inserção social dessas pessoas. A omissão da gestão de Mão Santa reflete um descaso que se arrasta há anos, com poucos resultados práticos.
Ao longo dos últimos oito anos, o governo municipal priorizou embelezar e revitalizar áreas de maior poder aquisitivo, enquanto regiões centrais, como a própria Praça da Graça, sofrem com o abandono. Parnaíba, uma cidade que se vangloria de seu crescimento, ignora os problemas que afetam os mais pobres. Enquanto bairros ricos recebem infraestrutura e melhorias, o centro da cidade, local que deveria ser o cartão postal de Parnaíba, é negligenciado. Essa disparidade revela o verdadeiro foco da gestão: promover uma cidade "bonita" apenas para os olhos de quem pode pagar por ela, deixando os mais vulneráveis à mercê da própria sorte.
A gestão de Mão Santa, sua esposa e sua filha está mais interessada em se autopromover do que em resolver os problemas de Parnaíba. Enquanto os discursos falam de amor e cuidado com a cidade, o que se vê é uma administração que não se compromete em transformar de forma significativa a vida dos "Filhos de Ninguém". A criação de um único restaurante popular em mais de uma década, fruto da gestão anterior, é a prova de que o foco atual está longe de atender as necessidades reais da população.
O futuro de Parnaíba exige uma mudança de paradigma. Não basta embelezar bairros nobres enquanto o centro se afunda em problemas. É preciso que a gestão municipal olhe para todos os cidadãos de forma igualitária e implementem políticas que visem acolher e reintegrar os marginalizados. O abandono dos "Filhos de Ninguém" é uma ferida aberta que exige mais do que promessas vazias.
A gestão de Mão Santa, Adalgisa Moraes Souza e Gracinha Mão Santa, com seus oito anos de poder, deve refletir sobre o que significa promover uma Parnaíba verdadeiramente inclusiva. Até agora, a cidade tem visto mais retórica do que ação concreta. Parnaíba pode ser uma cidade próspera para todos ou continuar a ser um lugar de contrastes, onde apenas os mais privilegiados se beneficiam. A resposta depende da coragem da gestão em enfrentar os problemas de frente e, finalmente, acolher os "Filhos de Ninguém".
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