A jovem cabelereira Aryadina Montenegro, de 23 anos, foi velada nesta terça-feira (23) em um clube no bairro São Joaquim, Zona Norte de Teresina, com a presença de familiares e amigos. Aryadina foi assassinada na segunda-feira (22).
Desconsolada pela perda, a mãe de Aryadina, que pediu para não ser identificada, relembrou a última mensagem que recebeu da filha.
A mãe de Aryadina disse ainda não entender porque a filha foi assassinada. Aryadina nasceu e cresceu no bairro São Joaquim, e foi assassinada a pouco menos de 1 quilômetro de distância da casa onde morava e onde funcionava seu salão de beleza.
"Estou estraçalhada, destroçada. Só ficou a dor, a lembrança, a saudade, e a pergunta: por que fizeram isso? Por que judiaram tanto, por que essa perversidade?", perguntou a mãe de Aryadina.
Aryadina foi encontrada morta com o rosto desfigurado por golpes que a Polícia acredita terem sido pedradas. Não foram encontradas munições no local.
Para a diretora de Promoção da Cidadania LGBTQIA+/SUDH, da Secretaria da Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos, Joseane Borges, o assassinato de Aryadina tem características de crime de ódio motivado pelo fato de ela ser uma mulher trans.
Segundo Joseane, Aryadina não tinha antecedentes criminais ou qualquer outro comportamento que pudesse gerar outra motivação para o assassinato cometido de forma violenta.
"Colhemos informações da vizinhança, e a gente viu que ela não tinha nenhum histórico de perversão na sociedade. Por isso que a gente está vendo de se tratar de um caso de transfobia", comentou Aryadina.
Joseane lembrou ainda que em 2023 o Brasil foi, pelo 15º ano seguido, o país que mais mata a população de transsexuais e travestis no mundo. "E eles matam pelo simples fato de existir. Essa é a única hipótese que temos no momento [de que o assassinato de Aryadina foi motivado por transfobia]", declarou.
Em 2023, 145 pessoas trans foram assassinadas no Brasil. O país ficou à frente do México e dos Estados Unidos no ranking dos assassinatos de pessoas trans em 2023 elaborado pela ONG Transgender Europe, que monitora 171 nações.
Ao todo, 321 mortes foram contabilizadas em todo o mundo entre outubro de 2022 e setembro de 2023, que é o período de coleta de dados anual da organização internacional.
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